domingo, 20 de maio de 2007

Hilda Hist


Há dez anos ele tentava escrever o primeiro verso de um poema. Era perfecionista. Aos 30, anteontem madrugada, gritou para a mulher: consegui, Jandira! Consegui!
Ela ( sentando-se
na cama,
desgrenhada) O quê? O emprego?

Ele Claro que o verso, tolinha, olha o brilho do meu olho, olha!

Ela (bocejando) Então diz, benzinho.

Declamou pausado o primeiro verso: ¿Igual ao fruto ajustado ao seu redondo...¿ Jandira interrompendo: peraí... redondo? Mas nem todo o fruto é redondo...


Ele São metáforas, amor
Ela Metáforas?!?!
Ele É... E há também anacolutos, zeugmas, eféreses.
Ela ?!?!? Mas onde é que fica a banana?


Ele enforcou-se manhãzinha na mangueira. O bilhete grudado no peito dizia: a manga também não é redonda, o mamão também não, a jaca muito menos. E você é idiota, Jandira. Tchau.
Ela ( tristinha depois de ler o bilhete) E a pêra, benzinho? E a pêra então que ninguém sabe o que é? E a carambola!!!! E a carambola, amor!


Acho que a HILDA HISLT
escreveu esse texto pensando em mim, só pode ser... Ela sabe o medo que eu tenho de acordar ao lado de uma Jandira.
Ela sabe o medo que eu tenho...
Cruz credo!

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